*Por: Viviane Lajter Segal
Quem nunca viu uma pessoa pela primeira vez e ficou imaginando as características de sua personalidade? Simpática? Arrogante? Confiável? E, ao conhecê-la um pouco melhor, se surpreendeu e percebeu que estava totalmente enganado?
No primeiro encontro é comum nos basearmos em características pontuais do outro, como roupa, voz, expressões. Mas, será que a pessoa não pode estar cansada naquele dia e, consequentemente, mais quieta, ou que veio direto de uma reunião importante e, por isso, está muito arrumada para o local do encontro?
Faz parte da psiquê humana tentar encaixar aquilo que é novo em algo previamente conhecido. Isso pode ocorrer com qualquer novidade, seja ela um objeto, uma situação, um lugar ou uma pessoa.
Como se forma uma primeira impressão?
Ao nos depararmos com alguém desconhecido tentamos, sem nos dar conta, buscar alguma característica nessa pessoa que nos seja familiar. Ou seja, identificamos no outro algo relacionado com nossas experiências anteriores.
Qualquer característica pode ser utilizada nesse processo, como um jeito de falar, um comportamento, o timbre de voz, forma de se vestir, até mesmo uma religião ou cor da pele.
Esse mecanismo ocorre de forma automática e inconsciente em todos nós. É uma forma que temos de diminuir a ansiedade gerada diante de algo totalmente novo e, assim, nos defendermos de uma possível ameaça imaginária.
Quando conseguimos realizar esse processo transformamos, na nossa fantasia, o desconhecido em algo familiar. Se a associação feita se baseou em alguém que nos promoveu boas sensações anteriormente, a nossa primeira impressão do estranho será agradável e positiva, logo desejaremos nos aproximar. Porém, o contrário também pode ser verdadeiro. Por exemplo, se a voz do desconhecido nos remeter a uma pessoa que nos gerou desconfiança e mal estar no passado, tenderemos a nos afastar.
O risco do preconceito
Caso acreditemos fielmente nessa primeira impressão que temos do outro, podemos ser injustos e até mesmo preconceituosos. Pois, conferimos a ele atitudes, personalidade e caráter que foram fantasiados por nós e baseados em experiências anteriores que nada tem a ver com o desconhecido.
Os indivíduos são diferentes uns dos outros! Não basta que tenham a mesma religião ou timbre de voz semelhantes, por exemplo, para que sejam rotulados e igualados.
Busque uma segunda impressão!
As pessoas são complexas, distintas e, por isso, interessantes. Cada uma a sua maneira. Precisamos estar abertos para conhecer o novo de forma verdadeira e plena, para que só então possamos construir, ao longo do tempo, uma opinião mais real a seu respeito. Dessa forma, podemos decidir de maneira mais justa e adequada qual o nível de proximidade e de relacionamento desejamos ter com o outro.
* Viviane Lajter Segal, psicóloga clínica, CRP 05/41087. Contatos: 9271-1519 e viviane@lajter.net
Foto: CarbonNYC, Flickr
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