* Por: Marcela Pimenta Pavan
Confiar pode parecer uma palavra simples, mas na prática desafia a maior parte das pessoas. Nos dias de hoje é possível perceber a desconfiança em várias áreas da vida. Estamos sempre alertas com tudo a nossa volta, precisamos vigiar o que comer, avaliar se a professora do filho é realmente boa, tomar cuidado com o colega de trabalho, suspeitar do remédio que o médico indicou e por aí vai, talvez por isso estejamos na época da indicação, arriscar é muito perigoso.
Quando pensamos mais profundamente e analisamos a confiança nas relações pessoais a desconfiança também está presente. Muitas mulheres se queixam por não confiar nos maridos ou namorados e o reflexo disso na relação do casal é o ciúme excessivo, tristeza e ansiedade.
Porém a falta de confiança em si mesmo sem dúvida é a mais desestruturante e está relacionada com todas as outras situações citadas. Quando não há confiança em si ficamos inseguros e vemos situações corriqueiras como ameaçadoras, a percepção fica distorcida e a ansiedade por controle aumenta.
O que a desconfiança em excesso pode causar
A falta de confiança gera dois grandes males para o indivíduo: o primeiro é a sobrecarga, quando não se pode confiar em nada a tendência é que a pessoa centralize as responsabilidades, só ela pode fazer bem feito, de forma segura. O problema é que ninguém dá conta de tudo sozinho e a frustração e o cansaço se instalam.
O segundo mal é a falsa sensação de controle total da vida, como se pudéssemos prever o que vai acontecer e garantir nossa segurança através disso. Ficamos com medo do que não está estabelecido e deixamos de perceber e aceitar o inesperado e principalmente, de aprender com ele.
A verdade é que na vida coexistem dois movimentos: o primeiro diz respeito a nossa responsabilidade perante a vida, a parte que nos cabe, o nosso esforço para sermos pessoas melhores, mais competentes. O segundo diz respeito ao que não controlamos, o imprevisível e da importância de aceitarmos as surpresas sem nos culparmos e buscarmos incessantemente uma causa geradora do problema. Exemplos disso são as desilusões, problemas de saúde, demissão sem causa aparente, etc.
Os Benefícios da confiança
Quando desenvolvemos a confiança em nós mesmos e nos outros ganhamos bem estar. Estar consciente da parte que nos cabe e fazê-la da melhor forma possível é se colocar numa posição mais justa com a realidade. Assim, é possível relaxar, pois o que virá não está mais sob controle, a sua parte está sendo feita. Essa postura traz mais tranquilidade e geralmente as situações fluem mais positivamente.
Isso não significa confiar em qualquer pessoa ou buscar uma autoconfiança excessiva. Todos viveram experiências passadas que indicam onde tiveram mais sucesso ou não, aprender a confiar pode ser desenvolvido ao longo da vida, talvez sozinho seja mais difícil, mas há muitos recursos hoje disponíveis, a terapia é uma excelente maneira de desenvolver a confiança.
Outro grande benefício que a confiança traz para nossa vida é a humildade de aceitar ajuda. Quando reconhecemos que não damos conta de tudo permitimos que outras pessoas participem da nossa vida sem que isso se torne uma ameaça. Elas podem contribuir e mostrar que, em diferentes aspectos, podem ser muito melhor do que nós. Isso atrai as pessoas para perto, pois elas se sentem valorizadas e úteis quando estamos presentes, as relações se fortalecem e vivemos melhor e, principalmente, mais confiantes!*Marcela Pimenta Pavan, psicóloga clínica, CRP 05/41841. Atendimento clínico: Copacabana – R.JContato: marcelapimentapavan@gmail.com Foto: Penny Mathews http://www.credos.us/zoofythejinx Escito por Marcela Pimenta Pavan, todos os direitos reservados.
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