* Por: Marcela Pimenta Pavan
“Curioso Paradoxo: Só quando me aceito como sou, posso então mudar” Carl Rogers.
Muitas pessoas procuram terapia para mudar alguma coisa em sua vida, seja um relacionamento, uma postura diferente perante a alguma situação, um comportamento indesejável… É comum as pessoas terem pressa pela mudança, buscando solucionar o problema pela forma mais racional possível. O interessante é que no processo da psicoterapia a pessoa vai se dando conta que antes de olhar para fora com ansiedade, é preciso entrar em contato consigo mesma, olhar para suas dificuldades e reconhecer seus desejos, aceitando-os. Só depois desse auto reconhecimento é que possível se libertar de algumas crenças e experienciar as mudanças desejadas, que não serão instantâneas. A aceitação de si mesmo traz a preparação necessária para o processo da mudança.
Porém, muitos de nós estamos acostumados desde cedo a fazer o movimento contrário, a não nos aceitarmos, nos corrigindo o tempo inteiro. Ouvimos na infância o não repetidas vezes, não pode isso, não pode aquilo. O não e o limite são importantes para nos ajustarmos a sociedade e aprendermos a lidar com a frustração, entretanto, se não somos também reconhecidos pelos nossos acertos e pela nossa essência, a crítica em excesso pode interferir na nossa auto estima e a possibilidade de internalizar um sentido forte de inadequação.
Como isso influencia a minha vida hoje?
Crescer se achando inadequado em demasia nos faz querer parecer um pessoa diferente do que somos, sempre alertas sobre a imagem que estamos passando e excessivamente preocupados com a opinião dos outros. É uma busca inconsciente e incessante para ser valorizado e aceito pelo outro, sendo que, muitas vezes, ainda nem nos aceitamos como somos, não paramos primeiro para nos entender com um cuidado generoso. Isso traz vulnerabilidade e insegurança, dependendo demais do retorno do outro para saber se estamos indo bem ou não. Quando transferimos essa responsabilidade para o meio, colocamos o rumo da nossa vida em algo longe de nós. A impressão das pessoas, sem dúvida, é importante para nossa construção psíquica, mas, quando há o desequilíbrio, a confusão e ansiedade nos tira do caminho coerente com aquilo que nos faz feliz. Começamos a viver uma vida estranha para nós mesmos.
Como faço para me aceitar melhor?
É fundamental fazer o caminho do auto conhecimento, olhar com atenção e coragem tanto para os aspectos desejáveis quanto para os indesejáveis. Aceitar não significa a princípio gostar, mas considerar e respeitar o que se é, reconhecendo que o hoje é resultado de todas as experiências vividas, sejam elas boas ou ruins. É uma oportunidade para se perdoar, para refazer os laços consigo mesmo, e isso consequentemente, leva a uma postura mais próxima e atenta aos próprios anseios, ao invés da busca incessante pela valorização do outro como uma forma de compensar a falta de amor e aceitação por si mesmo.
É preciso resistir a reação de excluir algo em nós que não nos agrada e integrar todas as nossas diferentes partes. Muitas vezes precisamos de ajuda nessa caminhada e a psicoterapia, sem dúvida, pode ajudar muito nesse processo. É um desafio que vale a pena, pois é altamente libertador. Só a partir disso podemos verdadeiramente redirecionar nossa vida, ajustar as velas e seguir mais confiantes e inteiros, escolhendo navegar na direção de uma vida mais feliz.
“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos” Carl G. Jung.
Marcela Pimenta Pavan é Psicóloga Clínica. Especialista em Família e Casal pela PUC-Rio. Trabalha com questões ligadas a relacionamentos, conflitos pessoais, ansiedade, carreira, envelhecimento, entre outras. Atendimento online: www.acaminhodamudanca.com.br. Consultório: Largo do Machado – R.J. Atendimento domiciliar. Contato: marcelapimentapavan@gmail.com
Escrito por Marcela Pimenta Pavan todos os direitos reservados.
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